Existem duas formas de classificar uma cefaleia (termo médico para “dor de cabeça"): primária e secundária. A dor de cabeça primária é aquela que não é causada por nenhum outro problema de saúde subjacente. Nesses casos, o uso de medicação analgésica costuma ser suficiente para o alívio dos sintomas. Já as cefaleias secundárias têm outra causa subjacente, como uma doença ou um trauma, por exemplo. Sendo assim, diante da suspeita de uma dor de cabeça secundária, é importante buscar atendimento médico para realizar exames de sangue e/ou de imagem e identificar a causa correta do problema.
Hoje trazemos uma visão geral dos principais tipos de dor de cabeça existentes. Confira!
Estas simples atividades do dia a dia podem causar dor de cabeça
- Estressar-se ou ficar muito tenso por algum acontecimento
A cefaleia de tensão afeta a grande maioria dos adultos em algum momento da vida. O paciente sente uma dor geralmente frontal e bilateral na cabeça, que pode ser percebida como se um capacete apertado estivesse fazendo uma pressão desconfortável no local. A sensação da dor em si costuma ser leve a moderada e, apesar de atrapalhar, não impede as pessoas de realizarem suas atividades diárias como de costume.
Alguns motivos clássicos de estresse – sono insuficiente, calor excessivo ou ficar muito tempo sem se alimentar/pular refeições – podem desencadear a cefaleia tensional. Outras possíveis causas são: abuso no consumo de bebidas alcoólicas, postura inadequada durante longos períodos de tempo, sentimento constante de tensão e a ingestão insuficiente de água (desidratação). Na maioria dos casos, medicamentos analgésicos promovem o alívio da dor.
- Atividades físicas e exercícios intensos
A atividade física melhora o sono, diminui o nível de ansiedade e tem um impacto positivo na qualidade geral de vida. No entanto, algumas pessoas costumam ter dor de cabeça após praticar atividades físicas, principalmente se houver muito esforço envolvido, isso porque, diante de um treino particularmente intenso, acontecem a diminuição da oxigenação dos tecidos do corpo humano e o aumento da pressão intracraniana. Tudo indica que três cuidados em especial podem ajudar a prevenir a dor de cabeça ao fazer exercícios: beber líquidos antes e durante a atividade, realizar um aquecimento “caprichado" antes de iniciar o treino e reduzir a intensidade da atividade, se possível.
“É importante buscar avaliação médica especializada quando se tem dor de cabeça desencadeada por esforços físicos, principalmente se a dor surgir de repente e já com forte intensidade e se houver outros sintomas associados. Embora possa ser um sintoma benigno, temos que excluir outras causas antes de afirmar que a dor está relacionada somente com a atividade física", alerta a Dra. Aressa Leal, neurologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras.
Estar “naqueles dias"
Conhecida como dor de cabeça hormonal, esse tipo afeta principalmente as mulheres em idade fértil. Ela está relacionada com o início do ciclo menstrual, a gravidez, a menopausa ou a utilização de alguns medicamentos hormonais. “Pode até mesmo tratar-se de uma cefaleia tensional ou enxaqueca, que pode ser agravada por oscilações hormonais", pontua a médica.
Não há muito o que fazer para prevenir essa ocorrência, mas algumas modificações no estilo de vida podem ser úteis no tratamento, como garantir um sono adequado, fazer refeições regulares (sem ficar longos períodos em jejum) e manter os níveis de estresse reduzidos. Além disso, os analgésicos simples ou anti-inflamatórios podem fornecer ajuda eficaz.
“Quando a dor está presente de modo muito regular durante os ciclos menstruais, de moderada a forte intensidade, e atrapalha as atividades diárias, podem ser necessárias abordagens terapêuticas específicas nos dias previstos para maior desconforto", recomenda a especialista em neurologia.
Outros 3 tipos conhecidos de cefaleia
1 Um dos tipos mais comuns de dor de cabeça, a enxaqueca costuma causar uma dor latejante relativamente intensa, que pode afetar um ou ambos os lados da cabeça, além de apresentar vários outros sintomas comumente associados – náuseas, vômitos, fotofobia (maior sensibilidade à luz ou claridade), fonofobia (maior sensibilidade a barulhos) e osmofobia (maior sensibilidade a cheiros fortes). Os sintomas podem durar de algumas horas a vários dias e podem impedir a pessoa afetada de participar das atividades diárias normalmente. Consultar um médico é fundamental para traçar um plano terapêutico adequado, para evitar possíveis gatilhos desencadeadores das crises de enxaqueca.
2 Descrita como um dos piores tipos de dor de cabeça, a cefaleia em salvas provoca dor aguda, penetrante e de extrema violência, geralmente localizada na região da têmpora ocular e que atinge apenas um e o mesmo lado da face. É acompanhada por lacrimejamento, olhos vermelhos e nariz escorrendo e, em muitos casos também é observada sudorese intensa na face. A cefaleia em salvas costuma ocorrer periodicamente, em crises muito intensas, porém de curta duração quando comparadas com outras dores primárias. Acredita-se que a causa seja um distúrbio do ritmo biológico, ou seja, do nosso relógio biológico interno. Outra razão pode ser uma inflamação que afeta os vasos sanguíneos dilatados no cérebro. Esse quadro deve ser sempre examinado por um médico.
3 A dor de cabeça de sinusite acontece por causa do aumento da pressão nos seios da face, no nariz, na testa e nas bochechas, característico dessa complicação de saúde. O paciente sente uma dor em pressão que se torna mais intensa com movimentos repentinos ou algum tipo de esforço da cabeça. O tratamento ideal para a cefaleia sinusal depende da causa e da gravidade da sinusite e pode incluir analgésicos, antibióticos, anti-histamínicos, descongestionantes ou corticosteroides únicos. Vale ressaltar que esse tipo de dor só acontece quando há inflamação ou infecção dos seios nasais, e muitas vezes os pacientes acreditam que “têm sinusite" quando de fato estão com outros tipos de dor. Portanto, a melhor opção é sempre consultar um médico especialista no assunto, para seguir o tratamento mais indicado para o seu caso, considerando as suas especificidades e necessidades.
Algumas outras situações consideradas sinais para possíveis cefaleias secundárias
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Cefaleia “em trovoada": de início súbito, com dor de forte intensidade, geralmente é descrita como a pior da vida.
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Outros sintomas neurológicos associados: visão embaçada ou dupla; alteração do nível de consciência (sonolência ou agitação anormal); dormência ou dificuldade de mexer alguma parte do corpo; incoordenação; alteração da fala.
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Sintomas sistêmicos associados: febre; perda de peso; lesões na pele; vômitos; rigidez de nuca.
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Crises de dor com início após os 50 anos.
Nesses casos, deve-se procurar atendimento, idealmente em serviço de pronto-socorro.
Conheça o Serviço de Neurologia do Hospital Brasília Unidade Águas Claras
“A Neurologia do Hospital Brasília Unidade Águas Claras é composta por uma equipe integrada e de excelência, formada por médicos especialistas, com experiência em neurologia geral e em outras diversas subáreas da especialidade, como neurologia vascular, neurofisiologia e neurologia cognitiva e comportamental, com capacidade de realizar uma vasta gama de exames e procedimentos neurológicos e neurocirúrgicos", ressalta a Dra. Aressa Leal.
A especialista pontua ainda que a instituição conta com uma equipe especializada de neurologia e neurocirurgia, em escala de sobreaviso 24 horas por dia. “O que significa que a equipe será acionada imediatamente em casos de urgência/emergência neurológica, como AVC." Se não houver emergência, mas o paciente precisar ser internado para investigação e tratamento, poderá receber, depois dos cuidados médicos gerais, uma avaliação neurológica especializada, caso seja necessário.
É importante ter em mente que uma pessoa com dor de cabeça deve procurar um neurologista sempre que a dor se torna muito frequente e/ou quando ela interfere na qualidade de vida e nas atividades diárias do indivíduo.
“Também vale atenção especializada se a dor começar a apresentar características diferentes das habituais, se surgirem novos sintomas associados ou se houver dificuldade de alívio com medicamentos que antes eram eficazes. Para esse último caso, deve-se estar atento ao uso excessivo de medicamentos para a melhora da dor, pois eles podem piorar as crises de cefaleia. Se houver uso excessivo de analgésicos, anti-inflamatórios ou 'medicações antienxaqueca', já está indicado o tratamento especializado", conclui a neurologista.
A literatura científica traz novidades constantes sobre o estudo das dores de cabeça, tanto no que diz respeito às cefaleias associadas a outras doenças quanto às cefaleias primárias específicas. Podemos citar, como exemplos mais recentes, a investigação e o manejo da cefaleia associada à Covid-19 e novos tratamentos para enxaqueca, com terapia imunobiológica. Também há novidades em tratamentos ainda pouco conhecidos pela população em geral, como bloqueio de nervos cranianos, uso da toxina botulínica e dispositivos de estimulação de nervos e modulação de dor.