O coração é um músculo que nunca se cansa. Você já deve ter ouvido essa expressão. No entanto, é preciso considerar certas situações que podem alterar o funcionamento desse órgão fundamental para a vida humana. Em alguns casos, o coração pode não ter “força” suficiente para bombear o sangue pelo corpo. É o que acontece na arritmia cardíaca. Sendo assim, a solução para situações como essa é a implantação de um marca-passo cardíaco. Nesse sentido, você deve estar se perguntando: para que serve tal dispositivo? Ele serve para estimular o coração a bater corretamente e, assim, bombear o sangue de maneira adequada para todo o corpo.
Para entender como funciona um estimulador cardíaco, é preciso ter em mente que, no corpo de uma pessoa saudável, o ritmo do coração é ditado por impulsos elétricos gerados pelo sistema nervoso. O marca-passo é um dispositivo elétrico implantado sob a pele que gera os impulsos elétricos necessários para “forçar” o coração a bater corretamente. Na cirurgia de implantação do dispositivo, popularmente chamada de cirurgia de marca-passo, o médico coloca o equipamento sob a pele do paciente e, por meio de um fio condutor, ele se liga ao coração. É por esse fio que a corrente elétrica chega ao órgão e estimula o seu funcionamento correto.
Quando é preciso colocar um marca-passo?
A indicação para implantar tal dispositivo costuma ocorrer quando existem alterações no sistema elétrico do coração que tornam os batimentos cardíacos muito lentos, levando a cansaço, fadiga e desmaios. Alguns exemplos são condições como bradicardia, bloqueio atrioventricular e insuficiência cardíaca.
“O marca-passo monitora constantemente o coração e intervém de forma autônoma em casos de abrandamento do ritmo cardíaco. Isso acontece por meio do envio de impulsos elétricos que, por sua vez, causam contração e são capazes de restaurar o ritmo correto do órgão”, explica o Dr. Edson D’Avila, cardiologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras.
Exame para colocar o marca-passo
A definição de se o paciente terá ou não que colocar o implante deve ser conduzida por um cardiologista. Para tanto, o especialista solicita uma série de exames para verificar o funcionamento do coração. O mais conhecido deles é o eletrocardiograma. Com as informações obtidas, o médico pode definir se o melhor tratamento para o paciente é mesmo a colocação do dispositivo.
Como é a vida de uma pessoa com marca-passo no coração?
“É uma vida normal, pois o dispositivo por si só não altera a rotina do paciente. O que pode mudá-la é a gravidade da doença cardíaca que levou à colocação do aparelho em questão”, pontua o médico. Apesar de, no pós-operatório imediato, o paciente poder
sentir algum desconforto, logo depois dos primeiros dias, ele já consegue retornar às suas atividades diárias normalmente (desde que não haja esforço excessivo).
Vale destacar que os marca-passos atuais são dispositivos muito eficazes, que geralmente não apresentam nenhum mau funcionamento. Além disso, se o paciente seguir as medidas de precaução recomendadas pelo cardiologista e for periodicamente às consultas para verificação do aparelho, é possível manter a sua qualidade de vida. Além do mais, a bateria do implante dura, em média, de 8 a 10 anos, daí a necessidade de uma avaliação semestral do dispositivo.
Quais os riscos do marca-passo em idosos?
Um estudo publicado recentemente pela Sociedade Latino-americana de Estimulação Cardíaca (LARHS) apontou que, apesar da popularização do uso de dispositivo cardíaco em pacientes idosos, naqueles acima de 85 anos, “as taxas de comorbidade tendem a ser mais altas e as atividades da vida diária (AVDs) a ser mais baixas em pacientes mais velhos, fazendo com que os médicos, às vezes, hesitem em implantar marca-passos pela preocupação com complicações relacionadas com o procedimento ou agravamento do estado geral do paciente”. Ou seja, o risco que a cirurgia de colocação do implante oferece ao idoso pode ser maior que o benefício trazido por essa forma de tratamento.
“É importante avaliar todas essas condições na hora de decidir por um estimulador cardíaco, por isso o ideal é que o paciente, ao procurar o cardiologista, relate todas as outras condições de saúde para que possamos verificar a melhor forma de tratamento”, aponta o Dr. Edson.
Quem tem marca-passo pode fazer tomografia?
Sim. Muitas pessoas confundem esse procedimento com a ressonância magnética, um dos exames que o portador do dispositivo não pode realizar. Há alguns modelos mais modernos de marca-passo (chamados de “condicionados”) que permitem a execução do exame. Mas a grande maioria deles não é compatível com a ressonância magnética. Nesse caso, seu funcionamento pode ser alterado por uma interferência da ressonância magnética. Por isso, quando o paciente usa um estimulador cardíaco e precisa de atendimento com outro especialista além do cardiologista, precisa informá-lo sobre o uso do dispositivo.
Quem tem marca-passo pode enfartar?
O Dr. Edson D’Ávila pontua que sim, quem tem o implante pode enfartar. “Enfartos são causados por alterações nas artérias do coração, e o marca-passo trata o sistema elétrico, o que impossibilita a avaliação do eletrocardiograma durante um episódio de ataque cardíaco.”
Quem tem marca-passo pode viajar de avião?
O cardiologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras destaca que, apesar de poderem viajar de avião, é importante que os pacientes com o dispositivo avisem que são usuários do aparelho. “Embora os detectores de metais de aeroportos não interferiram no implante em si, podem acionar o alarme conectado a ele, porque a estrutura é de metal. Para evitar essa
situação, é bom informar a condição à equipe de segurança e passar por verificações alternativas”, complementa o Dr. Edson.
Uma pessoa que usa marca-passo pode trabalhar normalmente?
Claro que quem usa o implante pode trabalhar, a única coisa que pode afetar a rotina laboral é a doença de base. Como recomendação médica, é importante que os profissionais dedicados a atividades de risco, como motoristas ou pilotos, discutam o seu caso com o especialista, para uma avaliação detalhada e um direcionamento específico.
Por outro lado, em alguns casos, quem usa marca-passo pode se aposentar. Isso se, mesmo com o implante, a saúde do paciente continuar debilitada a ponto de se configurar uma aposentadoria por invalidez. No entanto, é necessária a avaliação do médico que acompanha o paciente e de uma perícia própria do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Isso significa que somente o uso do marca-passo, por si só, não confere ao paciente o direito a aposentadoria por invalidez.
Como cuidar do coração?
Finalmente, é necessário lembrar que o coração precisa de cuidados durante a vida. Uma alimentação saudável, com frutas, legumes e pouca gordura, é o primeiro passo para evitar complicações cardíacas. A prática regular de exercícios físicos, sempre depois de uma avaliação com um cardiologista, também é outra forma de prevenir doenças cardíacas.
No Hospital Brasília Unidade Águas Claras, contamos com uma equipe altamente especializada, apta a auxiliar tanto aqueles que procuram um check-up de rotina quanto os que precisam da colocação de um marca-passo.
Para agendar o seu atendimento com um dos nossos cardiologistas, ligue: (61) 3052-4600.
Fonte: https://lahrs.org/pt/implante-de-marcapasso-em-adultos-acima-de-85-anos/