De acordo com dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 61,7% da população apresentava sobrepeso e quase 27%, obesidade. Apesar de ainda não termos números mais atualizados, é perceptível que muitas pessoas ganharam algumas medidas durante a pandemia, seja por mudanças na rotina ou questões emocionais.
Para mudar esse quadro, sabemos que é necessário ter disciplina, rede de apoio e acompanhamento médico. Por isso, no blog de hoje, a Dra. Ana Carolina Grillo, endocrinologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, fala sobre os tipos de obesidade e quando a cirurgia bariátrica é indicada.
O que é obesidade?
A obesidade é uma condição que afeta um número elevado de pessoas por todo o mundo. Ela é caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal e pode acarretar graves problemas de saúde. Trata-se de uma doença crônica, progressiva e recidivante, que necessita de tratamento contínuo.
Quais são as causas da obesidade?
As principais causas da obesidade têm relação com um estilo de vida pouco saudável: sedentarismo e alimentação pouco nutritiva e altamente calórica. Além disso, problemas no próprio organismo também podem levar à essa condição, pois a obesidade pode ser consequência de problemas hormonais, fatores genéticos, metabólicos e psicológicos.
“A obesidade é uma doença multifatorial. Em uma pessoa geneticamente predisposta, os maus hábitos alimentares e o sedentarismo precipitarão o desenvolvimento do distúrbio. Algumas disfunções endócrinas também podem contribuir e por isso, é fundamental consultar um endocrinologista quando se planeja perder peso”, comenta a Dra. Ana Carolina.
A obesidade pode ser causa ou consequência de problemas hormonais, metabólicos e psicológicos. Dessa forma, não deve ser vista apenas como uma questão estética.
“Cabe ressaltar que alguns medicamentos, como antidepressivos, corticosteroides, estabilizadores de humor, anti-histamínicos e anticoncepcionais, por exemplo, podem ter o ganho de peso como efeito colateral”, continua.
Quais são os riscos da obesidade?
A obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O paciente tem maior propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2; além de problemas físicos como artrose, pedra na vesícula, artrite, cansaço, refluxo esofágico, tumores de intestino e de vesícula.
Graus de obesidade: quais são e como diagnosticar?
A obesidade é diagnosticada através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) realizado da seguinte forma: divide-se o peso (em quilos) do paciente por sua altura (em metros) elevada ao quadrado. De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMC), o IMC é classificado da seguinte maneira:
-
Abaixo de 18,4 – desnutrição;
-
Entre 18,5 e 24,9 – peso normal;
-
Entre 25 e 29,9 – sobrepeso;
-
Entre 30 e 34,9 – obesidade grau I (leve);
-
Entre 35 e 39,9 – obesidade grau II (severa);
-
Acima de 40 – obesidade grau III (grave).
Considerando a localização da gordura corporal podemos, ainda, classificar a obesidade da seguinte forma:
-
Homogênea: é aquela gordura que se acumula de modo equilibrado pelo corpo, isto é, tanto na parte superior como inferior dos membros;
-
Androide: é a gordura que se deposita na região abdominal e torácica, predominante no sexo masculino, mas também comum em mulheres após a menopausa. Essa categoria apresenta alto risco para complicações cardiovasculares;
-
Ginecoide: muitas pessoas associam esse tipo de gordura ao formato de uma pera, pois o acúmulo acontece na região inferior, como nádegas, quadril e coxas. Ela costuma ser mais comum no sexo feminino e tem correlação com o surgimento de artrose e varizes.
Obesidade grau 1
Sinal vermelho que costuma vir acompanhado de fadiga, dores musculares e limitações de movimentos. O trio de tratamento para esse estágio é: dieta, exercício físico e, em alguns casos, medicação. O quadro é, principalmente, resultado de um estilo de vida consolidado ainda na infância. São hábitos que, geralmente, configuram a obesidade infantil, mas que geralmente são negligenciados nessa faixa etária. Portanto, tratar a obesidade na infância é prevenir a progressão do distúrbio na fase adulta.
Obesidade grau 2
Os sintomas da obesidade passam a ser ainda mais acentuados e comprometem o bem-estar físico e psicológico do paciente. Estão associados a doenças articulares, hipertensão, diabetes mellitus, cânceres, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
A rotina alimentar e a prática de exercícios são indicadas para qualquer pessoa, seja como prevenção à obesidade, seja como tratamento. No entanto, na obesidade grau II, além da dieta, também pode ser necessário utilizar medicação ou até mesmo cirurgia bariátrica. A terapia cuida do paciente de forma integral, a partir do trabalho de uma equipe médica multidisciplinar.
Obesidade grau 3
As doenças associadas à obesidade mórbida são: distúrbios hormonais, cardiopatias, morte súbita e insuficiência venosa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que a obesidade grau III é considerada a principal causa de morte evitável do mundo. Por isso, nesse estágio, são de extrema importância o diagnóstico e o acompanhamento médico para minimização dos danos dessa condição.
Quando a cirurgia bariátrica é indicada?
A cirurgia bariátrica traz benefícios que vão além da perda de peso. Na verdade, influencia todo o quadro relacionado com a condição, pois ajuda na remissão de doenças associadas e traz benefícios, como aumento da longevidade e melhora na qualidade de vida. Portanto, a indicação da cirurgia pelos médicos leva em consideração três critérios: índice de massa corporal (IMC), doenças relacionadas e histórico do paciente. Em relação ao IMC, está enquadrada a seguinte avaliação:
-
Pessoas acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades;
-
Pessoas com o IMC entre 35 e 40 kg/m² que apresentem comorbidades;
-
Pessoas com o IMC entre 30 e 35 kg/m² que apresentem comorbidades que sejam classificadas como “graves” por um médico especialista na respectiva área da doença.
“Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrições. Quando acima dos 65, ele deverá passar por uma avaliação individual mais rigorosa, assim como pessoas menores de 16 anos. Nesse caso, o procedimento cirúrgico deve ser consentido pelo responsável legal, que deve acompanhar o adolescente durante todo o período de recuperação”, explica a médica do HBR.
Qual médico procurar?
Caso haja diagnóstico ou suspeita de obesidade, o ideal é que o paciente procure um endocrinologista, pois este é o especialista apto a identificar quando é indicado o tratamento conservador (clínico) com medidas de mudança de estilo de vida, atividade física, controle de doenças metabólica e eventualmente medicações que contribuam para o emagrecimento, e quando é necessária intervenção cirúrgica. Em geral, o acompanhamento é feito com equipe multidisciplinar que deve envolver nutricionista, preparador físico e psicólogo.
Reforçamos que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial e só o tratamento adequado, bem direcionado e a longo prazo é capaz de controlar o quadro.
Centro Médico Águas Claras
Para oferecer aos pacientes uma linha de cuidado integral, englobando todas as etapas de assistência médica com qualidade e segurança, o Hospital Brasília Unidade Águas Claras inaugurou o seu Centro Médico, localizado na torre lateral do hospital. O espaço dispõe de mais de 20 especialidades, sendo uma unidade avançada do hospital que oferece assistência em caráter ambulatorial preventivo e o diagnóstico de patologias.
O acompanhamento clínico e pós-cirúrgico é feito com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada composta por médicos e outros profissionais de saúde que contribuem diretamente para o sucesso do tratamento do paciente. Você pode agendar sua consulta por meio da nossa central de Central de Atendimento ou pelo telefone 4020-0057