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Leptospirose: entenda quais são os riscos para os humanos e formas de prevenir

A transmissão ocorre principalmente pela água contaminada
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Dr. Felipe Teixeira de Mello Freitas - Infectologista Atualizado em 06/08/2024

A leptospirose é uma doença infecciosa com um quadro clínico que varia consideravelmente de pessoa para pessoa. Embora aproximadamente 90% dos casos se resolvam espontaneamente sem necessidade de intervenção médica específica, cerca de 10% dos infectados enfrentam uma evolução preocupante para formas mais graves da doença.  

Continue a leitura e saiba mais sobre os desafios do diagnóstico e manejo dos sintomas iniciais.

Leptospirose: o que é?

A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria de manifestação sistêmica chamada leptospira. A transmissão ocorre principalmente pelos ratos, que servem como reservatórios das bactérias nas áreas urbanas. Os seres humanos podem se infectar e, quando isso acontece, frequentemente apresentam sintomas como febre e dores no corpo.

Como ocorre a transmissão por leptospirose em humanos?

A transmissão da leptospirose em humanos ocorre principalmente no contato com ambientes contaminados pela urina de roedores, tanto silvestres quanto urbanos, que são portadores da bactéria leptospira.  

Essa contaminação pode acontecer também de forma direta, por meio do contato prolongado com água ou lama que esteja infectada com a urina desses animais.  
O risco de infecção aumenta em situações em que a pele da pessoa não está íntegra, como em casos de feridas, machucados, ou uma micose na unha, assim como em condições em que a pele íntegra permanece em contato prolongado com a água contaminada.  
Por isso, a leptospirose pode ser mais comum em áreas sujeitas a inundações ou com condições sanitárias vulneráveis, onde o contato frequente e prolongado com águas ou lamas contaminadas pode facilitar a entrada da bactéria no organismo, levando à infecção.

Como prevenir?

A prevenção da leptospirose envolve evitar principalmente o contato com água e lama que possam estar contaminadas. Isso inclui medidas como: 

Controle de roedores: reduzir a proliferação de roedores, principalmente nas áreas urbanas, é fundamental, visto que eles são os principais reservatórios e vetores da bactéria causadora da leptospirose. Nesse sentido, melhorar o saneamento básico e manter as cidades limpas ajudam a diminuir a proliferação de roedores e, consequentemente, reduzem o risco de transmissão da doença.

Uso de equipamentos de proteção individual (EPI): como botas e luvas impermeáveis, principalmente para pessoas cujo trabalho envolve risco de contato com águas potencialmente contaminadas, como trabalhadores de saneamento, limpeza urbana ou em situações de enchentes.

Cuidados especiais durante enchentes: neste período, há um aumento significativo do risco de surtos de leptospirose devido à contaminação difusa da água e lama com a urina de roedores. Sendo assim, durante a limpeza e recuperação de áreas afetadas, é importante usar proteção adequada para evitar o contato direto com a lama e a água contaminadas.

Tipos de Leptospirose

Existem dois tipos principais de leptospirose, diferenciados principalmente pela gravidade dos sintomas e complicações associadas. São eles: 

1. Tipo febril da leptospirose: caracterizado pela manifestação de sintomas iniciais como febre, dor no corpo, mal-estar e dor muscular. Geralmente, ocorre na primeira semana da doença. A maioria das pessoas infectadas por este tipo experimenta apenas esses sintomas e tende a se recuperar sem complicações graves. 

2. Doença de Weil: trata-se da forma mais grave da leptospirose. Nomeada em homenagem ao pesquisador que a descreveu, essa condição pode levar a complicações sérias, incluindo sangramento pulmonar, falência dos rins e icterícia (amarelamento da pele e olhos).

Sintomas de leptospirose 

Os sintomas da leptospirose variam de iniciais e inespecíficos a graves conforme a progressão da doença. Inicialmente, os sintomas incluem: 

  • Febre 

  • Dor no corpo e mal-estar 

  • Vômito 

  • Dor muscular 

  • Artralgia (dores nas articulações), considerado um sintoma clássico 

  • Dor na panturrilha (batata-da-perna), também um sintoma clássico

Na fase inicial, a condição é frequentemente confundida com outras doenças virais, como a dengue ou gripe, devido à sua natureza inespecífica.  

Já na forma grave, incluem: 

  • Sangramento, principalmente dos pulmões 

  • Insuficiência renal (falência dos rins) 

  • Icterícia (amarelamento da pele) 

Esses casos graves são muito sérios e podem levar à morte devido ao sangramento pulmonar ou insuficiência renal, exigindo internação hospitalar urgente. Por isso, ao notar os sintomas, principalmente os iniciais e clássicos, deve-se procurar um pronto-socorro imediatamente.

Como é feito o diagnóstico?

Diversos casos passam despercebidos ou são erroneamente diagnosticados como outras viroses, especialmente em épocas em que doenças como a dengue são comuns. Isso sugere que os sintomas são, muitas vezes, atribuídos a quadros virais genéricos.

Portanto, o diagnóstico preciso da leptospirose exige a avaliação clínica e a realização de testes laboratoriais específicos para confirmar a infecção pela bactéria leptospira.

Riscos da leptospirose

Os riscos associados à leptospirose, especialmente se a doença evoluir para sua forma grave, são: 

  • Sangramento pulmonar: que pode ser potencialmente fatal se não for tratado imediatamente. 

  • Insuficiência renal: a condição pode levar à falha dos rins, necessitando, em muitos casos, de diálise temporária. Essa situação impõe um risco significativo à vida do paciente. 

  • Necessidade de cuidados intensivos: em casos de forma grave, o paciente pode precisar de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e requerer medidas de suporte vital até a recuperação.

Formas de tratamento

Para os casos leves de leptospirose, muitas vezes a doença é resolvida espontaneamente sem necessidade de tratamento antibiótico específico. 

Quando diagnosticada, o tratamento se baseia principalmente no uso de antibióticos, eficazes contra a leptospira, o agente causador da doença. 

Nos casos graves, além do tratamento com antibióticos, é necessário um suporte clínico adicional, que pode incluir cuidados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), diálise para casos de insuficiência renal, transfusões sanguíneas e outras medidas de suporte até que os sintomas melhorem.

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Dr. Felipe Teixeira de Mello Freitas

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