Vem chegando o verão! Nessa estação, as pessoas perdem mais líquidos do que o normal, em razão do suor. O perigo é a desidratação por causa do calor, que ocorre quando a perda de fluidos não é substituída pela ingestão extra de água. Assim, os rins acabam produzindo uma urina muito concentrada para conservar a água corporal, e essa urina é uma condição perfeita para a formação do cálculo renal. Além disso, alguns alimentos são ricos em oxalato, fosfato e outros nutrientes que contribuem para o desenvolvimento das pedras nos rins e que, portanto, devem ser evitados. Vamos falar sobre isso?
O que são pedras nos rins?
A urina normalmente é composta por cerca de 90% de água e 5% de outros solutos, como ureia, ácido úrico, creatinina e cloretos. “As 'pedras nos rins' se formam quando esse equilíbrio regular, entre água, sais e minerais, é alterado por algum motivo, como a perda de fluidos, por exemplo", explica o Dr. Pedro Mendes, nefrologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras. Diante da interrupção desse balanço, as substâncias que normalmente sairiam do corpo pela urina se separam nos rins e formam pedras, que podem ser tão pequenas quanto um grão de açúcar ou tão grandes quanto uma bola de golfe. Esses cálculos podem entrar no ducto urinário ou na bexiga do paciente e causar dores agudas e até mesmo violentas, por causa de sua passagem pelo estreito tubo denominado ureter, que tem 3-4 mm de diâmetro.
O Dr. Pedro alerta ainda que essas ocorrências podem vir acompanhadas de um quadro infeccioso, o que pode tornar a situação ainda mais grave. “Alguns casos de infecção urinária podem evoluir para septicemia, que é uma infecção generalizada que pode levar até mesmo ao óbito do paciente", avisa.
Além disso, é importante que o paciente não seja apenas tratado na fase aguda da dor, é necessário acompanhamento médico detalhado. Na maioria das vezes, o cálculo precisa ser retirado por meio de procedimentos cirúrgicos.
O nefrologista explica ainda que há várias causas possíveis para a formação do cálculo renal, desde algumas doenças, condições hematológicas, fatores do sistema endócrino (dos hormônios do corpo) até problemas diretos do rim. “Por isso é imprescindível que se procure um especialista, principalmente se houver recorrência de cálculos renais, para se fazer um tratamento mais assertivo e atacar a causa da formação dos cálculos", explica o médico.
Reconheça os sinais de alerta
Abaixo, listamos os principais sintomas de pedra nos rins. Eles podem acontecer de forma independente ou ao mesmo tempo.
- Dor forte nas laterais das costas.
- Urina que cheira mal ou parece turva.
- Dor de estômago que não passa.
- Sangue na urina.
- Náusea ou vômito.
- Febre e calafrios.
Que alimentos contribuem para formar pedras nos rins?
Determinados líquidos, produtos e alimentos podem agir como um meio de estimulação para o cálculo renal, no sentido de piorar o acúmulo de substâncias na urina, favorecendo seu desenvolvimento. Confira alguns exemplos:
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evite ingerir alimentos e líquidos ricos em oxalatos, que facilitam a formação de pequenos fragmentos de mineral no corpo. São eles: café, sucos de frutas, chá preto, fígado, espinafre, beterraba, amendoim, batata-doce, aipo e pimentão;
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carnes vermelhas de modo geral, se consumidas de forma excessiva, podem elevar as taxas de ácido úrico, fato que contribui para o surgimento de cálculos;
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peixes e frutos do mar, principalmente anchova, arenque, sardinha e crustáceos, aumentam os níveis de fosfato, o que pode impulsionar esse quadro;
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chocolate e alimentos ricos em açúcar também devem ser deixados de lado, sobretudo em caso de dor no rim. Essas preparações fazem com que o corpo produza altos níveis de insulina, o que faz com que o cálcio dos ossos vá para o trato urinário;
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o sódio também é um inimigo dos rins, pois aumenta a concentração de cálcio, fósforo e ácido úrico, elevando as chances de formação de pedras no local.
Vale relembrar que consumir frutas e vegetais pode ajudar a evitar os cálculos renais, pois são ricos em antioxidantes. O suco de limão, em especial, funciona quase como um “remédio alimentar", pois é rico em ácido cítrico, que pode dissolver a pedra nos rins.
Como é o tratamento para pedra nos rins?
Em alguns casos é possível eliminar as pedras naturalmente, através de uma ingestão “caprichada" de água, a fim de promover a eliminação espontânea de cálculos renais pequenos. Essa ação aumenta a quantidade de urina e facilita também a resolução da cólica renal, além de reduzir a transformação dos sais em “cristais", que constituem as pedras, e tornar a agregação destes mais difícil. A água é a melhor alternativa para eliminar pedras nos rins e não envolve grandes mudanças no estilo de vida do paciente em questão. “No entanto, durante os meses de verão, é preciso intensificar esse cuidado, para driblar a perda de líquidos que ocorre naturalmente em resposta ao calor. Com as altas temperaturas, o corpo aumenta a necessidade de água", completa o nefrologista.
Se o seu médico solicitar, você também pode utilizar medicamentos para ajudar a tornar a urina menos ácida e analgésicos para aliviar a cólica renal.
Em casos mais complexos, se a cristalização for muito grande, se bloquear o fluxo de urina ou se houver sinais de infecção, o tratamento para cálculo renal pode ser feito por meio de intervenção cirúrgica. A litotripsia por ondas de choque é um procedimento não invasivo que usa ondas sonoras de alta energia para explodir as pedras em pequenos fragmentos que são eliminados mais facilmente na urina. Na ureteroscopia, um endoscópio é inserido no ureter para recuperar ou obliterar o cálculo. Em casos graves, há a opção de realizar uma nefrolitotomia/nefrolitotripsia percutânea.