É bastante comum perceber que as crianças uma vez ou outra apresentam sinais como nariz escorrendo, irritabilidade e febre, por exemplo. Esses podem ser sintomas de bronquiolite, uma infecção causada por vírus que afeta os pequenos, sobretudo os bebês.
Embora possa ser cuidada, em grande parte dos casos de forma rápida e em casa, requer atenção, pois alguns casos podem necessitar da orientação de um pediatra para os cuidados ambulatoriais ou indicação de internação.
Veja, nesse blog, o que é a bronquiolite, os principais sintomas e como é feito o tratamento. Quem explica o assunto é a Dra. Camila Sole, pediatra do Hospital Brasília Unidade Águas Claras.
O que é bronquiolite?
Conforme explica a Dra. Camila, “trata-se de uma infecção viral, que inflama a parte mais fina e delicada do pulmão dos bebês (os bronquíolos). Quanto mais nova a criança, menor o calibre dessas vias aéreas, o que explica a maior gravidade da doença nos bebês pequenos. Na maior parte das vezes é causada pelos vírus respiratórios, sendo o principal deles o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Outros vírus também podem causar este quadro como: adenovírus, metapneumovírus, vírus parainfluenza, vírus influenza, rinovírus entre outros. A transmissão acontece por meio do contato direto com secreções respiratórias de pessoas doentes ou através de objetos contaminados. O VSR pode sobreviver e permanecer viável para contaminação por até 12 horas numa superfície".
A bronquiolite aguda tem maior incidência em lactentes jovens, com idade até os dois anos de vida. O percentual de acometimento é variável, com fatores relacionados ao ambiente, população da região ou presença de subpopulações de risco (bebês com condições específicas de saúde). Em alguns estudos, estima- se ocorrência de 10 a 15 casos a cada 100 crianças, mas esses números variam muito ao longo de cada ano (cada período de sazonalidade), e após a pandemia de SARS-CoV-2 apresentaram mudanças em todo mundo.
Sintomas da bronquiolite
Entre os sintomas mais comuns causados pela bronquiolite nos bebês estão:
-
febre;
-
tosse;
-
chiado no peito;
-
nariz entupido;
-
falta de apetite;
-
dificuldade com o sono;
-
respiração mais rápida;
-
irritabilidade.
De um modo geral ela começa parecendo um resfriado, mas do terceiro ao quinto dia os sintomas normalmente pioram e podem levar entre duas a três semanas até irem embora.
Caso surjam esses sintomas, busque orientação de um pediatra para o tratamento adequado.
Qual a diferença entre bronquite e bronquiolite?
A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, que fica no fim dos brônquios, uma estrutura que desempenha o papel de levar oxigênio aos pulmões. A bronquite, por outro lado, é a inflamação dos próprios brônquios e pode se apresentar de forma crônica ou aguda, causada por um processo alérgico ou infeccioso.
O diagnóstico deve ser feito sempre por um médico, que poderá diferenciar as duas doenças.
Leia também sobre o que é asma.
Como prevenir a bronquiolite?
É importante destacar que os vírus causadores da bronquiolite são os mesmos que afetam pessoas em todas as idades, inclusive os bebês. Por este motivo, é fundamental tomar alguns cuidados nos primeiros dias de vida do bebê. Entre os quais estão:
-
fazer o aleitamento materno;
-
evitar visitas com sintomas respiratórios;
-
ter visitas rápidas e sem contato físico;
-
evitar locais aglomerados;
-
lavar sempre as mãos;
-
manter o ambiente limpo e ventilado.
A médica reforça que “medidas simples e eficazes nos cuidados de bebês, especialmente nos menores de um ano de vida e naqueles com fatores de risco, podem protegê-los dos quadros de bronquiolite. É recomendável evitar o contato com crianças e adultos resfriados, lavar as mãos e higienizá-las com álcool 70%, principalmente antes de tocar nos bebês. A maioria dos bebês internados teve contato com irmãos mais velhos e pais que foram contaminados e tiveram quadros leves. Também se sugere fugir de aglomerações, promover a amamentação e evitar o tabagismo passivo. Finalmente, deve-se buscar o acompanhamento pediátrico para monitorar o crescimento, a introdução adequada da alimentação e o cumprimento do calendário de vacinação".
Quais são os tratamentos indicados?
Conforme explica a Dra. Camila, não existe nenhum tratamento específico para bronquiolite. Na maioria dos casos, especialmente das crianças sem fatores de risco, a evolução do quadro é benigna, sem necessidade de nenhum tratamento medicamentoso, evoluindo para cura. Nos casos em que há necessidade de algum tipo de intervenção, a maior parte pode ser feita em casa, com acompanhamento da febre, observação do padrão respiratório e cuidados para manter o estado de hidratação e nutrição do bebê.
“Em casos mais graves, o bebê pode não conseguir fazer a oxigenação adequada para o seu organismo, com risco de evoluir para insuficiência respiratória e comprometimento além dos pulmões: do coração, cérebro, rins e outros órgãos. A internação é necessária para que se possa ofertar oxigênio aos pacientes. A fisioterapia respiratória é imprescindível para auxiliar o bebê na mobilização e retirada do excesso de secreções que atrapalham sua respiração, de forma a aliviar muitos os sintomas e facilitar a respiração da criança. Há situações em que eles também podem se beneficiar com o uso de uma inalação especial com solução salina hipertônica. A admissão em UTI para o suporte ventilatório adequado e proporcional (ajuda de aparelhos) pode ocorrer em cerca de 15% das crianças internadas. Algumas crianças muito comprometidas pela bronquiolite apresentam infecções bacterianas como complicação, necessitando também de tratamento com antibióticos".
Em casos graves, o tratamento deve ser feito em um hospital, por exemplo, com indicação de uso de oxigênio com suporte para respiração, sonda de alimentação e fisioterapia intensiva. É fundamental estar atento aos sinais para em casos de agravamento levar a criança ao pronto-socorro pediátrico.
A médica acrescenta ainda que as crianças consideradas de risco para quadros graves e internação são: as mais novas (menores de um ano, especialmente menores de seis meses); os prematuros; os portadores de doenças cardíacas ou de doença pulmonar crônica (broncodisplasia); os imunodeficientes; os bebês que nascem com baixo peso. Muitas necessitam de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Se o seu bebê já teve um quadro de bronquiolite, os cuidados de prevenção devem ser mantidos da mesma forma! Há relatos de crianças que necessitam de internação por mais de uma vez numa mesma temporada, ou sazonalidade, das Bronquiolites. Lembre-se que não é apenas um vírus, mas alguns tipos de um vírus respiratório que o bebê pode ter contato e que causam a bronquiolite aguda".
A médica acrescenta ainda que “se o bebê for prematuro, cardiopata ou fizer tratamento para o pulmão, deve-se buscar informações sobre o uso e o acesso à imunoprofilaxia (Palivizumabe). Ele é um anticorpo monoclonal humanizado contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) garantido pelo SUS que pode beneficiar especificamente as crianças com fatores de risco para bronquiolites, segundo os critérios:
-
prematuros com menos de 29 semanas (até um ano de idade),
-
aquelas com diagnóstico de doença pulmonar crônica e
-
cardiopatas graves (até dois anos de idade).
Esse medicamento pode ser aplicado em cinco doses nos meses de circulação deste vírus (fevereiro a junho) no Brasil".
Pronto-Socorro pediátrico Hospital Brasília Unidade Águas Claras
O Pronto-Socorro Pediátrico do Hospital Brasília Unidade Águas Claras conta com infraestrutura de alto padrão, consultórios temáticos e equipados, área exclusiva para a realização de medicações e inalações, coleta de exames, raio-X portátil, isolamento com pressão negativa e sala de emergência totalmente equipada para o público infantil.
Além disso, no Centro Médico Águas Claras, você pode agendar sua consulta por meio da nossa central de Central de Atendimento, pelo telefone: 4020-0057.