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Corpo e Mente

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Anorexia entre jovens: quais os perigos dessa doença e como tratá-la?

Para quem sofre com a anorexia, todos os pensamentos e planos giram em torno da perda de peso
HAC
Equipe Hospital Águas Claras - Corpo Clínico Atualizado em 21/01/2021

A adolescência é uma fase delicada, de muitas mudanças. Meninos e meninas enfrentam um momento em que o corpo e a mente deixam de ser infantis ao entrar em uma transição gradual para a fase adulta. A puberdade muda drasticamente a aparência física e, com isso, alguns jovens desenvolvem visões distorcidas e problemáticas sobre si mesmos, principalmente quando influenciados negativamente pelos padrões de beleza midiáticos.

Muitas vezes esse tipo de transtorno está associado à baixa autoestima, à inclusão em um contexto de julgamento e à idealização corporal. Ter vivenciado experiências traumáticas também pode representar um fator precipitante para o desencadeamento do problema.

Anorexia: o que é?

A anorexia é caracterizada por uma restrição alimentar patológica que leva a um emagrecimento expressivo e potencialmente perigoso para a saúde. O início desse transtorno geralmente envolve a adoção de uma dieta rigorosa e um profundo temor de ganhar peso. O próximo passo costuma ser a realização de um controle obsessivo das calorias ingeridas no dia, que pode incluir também a recusa de alimentos, com o risco de afetar as funções vitais do corpo.

Pacientes anoréxicas tendem a pesar menos do que o adequado para sua altura e idade e, apesar de se olharem no espelho constantemente em busca de encontrar a imagem de um corpo ideal, jamais recebem o retorno esperado. Isso porque a visão distorcida do próprio corpo é uma característica marcante da doença em questão. “O retrato que essa pessoa tem de si mesma é totalmente irreal e diferente do que os demais percebem quando a veem, e essa autoimagem distorcida é que leva ao transtorno de anorexia", explica a Dra. Carolina Tajra, psiquiatra da Rede Ímpar.

Vale destacar que essa doença afeta principalmente meninas entre 12 e 20 anos, mas os meninos também podem ter anorexia.

O que pode acontecer com o corpo de uma pessoa anoréxica?

Várias consequências acometem o organismo se ele estiver em um estado de fome por muito tempo. Para economizar energia, ele começa a “desligar" diversas funções importantes. “Os sintomas de transtornos alimentares em geral não são de fácil observação. Não é infrequente o paciente ou seus pais só procurarem ajuda quando já existem outras complicações clínicas associadas", explica a médica.

Claro que os impactos vão depender da gravidade e do curso da doença, mas, de qualquer forma, é esperado que ao menos alguns dos desdobramentos mais comuns, abaixo listados, se manifestem nesse paciente.

  • Diminuição da frequência cardíaca.

  • Queda drástica da temperatura corporal.

  • Pressão arterial mais baixa do que o normal, podendo causar tontura e desmaio.

  • Piora da qualidade da circulação sanguínea.

  • Maiores chances de desenvolver problemas de osteoporose.

  • Interrupção das funções normais do cérebro, o que abre espaço para a chamada atrofia cerebral, isto é, a perda de tecido cerebral.

  • Enfraquecimento dos músculos.

  • Mau funcionamento do coração e dos rins.

  • Diminuição do metabolismo.

  • Sensação constante de cansaço.

  • Deficiência de várias substâncias de que o corpo necessita. Um exemplo recorrente é a falta do ferro, que pode originar um quadro de anemia e ainda interromper/tornar irregular a menstruação nos pacientes do sexo feminino.

  • Problemas gastrointestinais, como dor de estômago, prisão de ventre e gases.

  • A pele e o cabelo podem se tornar extremamente secos.

  • Aumenta a tendência à acne.

Felizmente, na maioria das vezes, os efeitos da anorexia no corpo desaparecem conforme o paciente começa a se alimentar de forma correta e recupera um peso saudável. Em alguns casos, porém, a pessoa continua apresentando determinadas complicações mentais e/ou somáticas significativas.

Tratamento para a anorexia

Se você está se perguntando se a anorexia tem cura, a resposta é sim! “O mais importante para um diagnóstico e tratamento precoce", explica a Dra. Carolina, “é a atenção para recusas alimentares frequentes, perda de peso, preocupação exagerada com o corpo e idealização de padrões corporais anormais. Apesar disso, por ser uma doença heterogênea, não existe uma forma única de tratamento que seja eficaz para todos os pacientes".

O primeiro passo em direção a buscar auxílio profissional pode ser pesquisar e se informar o máximo possível sobre a anorexia e como ela é tratada. Depois desse momento e diante do interesse do paciente que sofre com essa doença em ser ajudado, é hora que consultar um psicanalista ou psiquiatra competente e experiente que conheça bem a natureza e o curso dessa doença. O tratamento envolverá, claro, mudanças na maneira de se alimentar, mas também nas formas de lidar com outras emoções difíceis. Em alguns casos é preciso aliar a terapia com recomendações e programas dietéticos específicos por parte de um nutricionista. “Afinal, é de extrema importância promover também uma recuperação nutricional do paciente", relata a médica. Medicamentos antidepressivos também podem ser incluídos no processo se o especialista julgar seguro e necessário.

Além disso, todos os pacientes devem ser submetidos a um exame abrangente, em que as condições médicas, psicológicas e sociais são mapeadas de forma completa, para avaliar e incrementar sua saúde e qualidade de vida. Determinados exames são essenciais, para conhecer a situação metabólica do doente e para descartar outras condições médicas.

Mas, com toda a certeza, o ponto mais importante desse processo é o desejo de continuidade e a perseverança do paciente, construídos diante de uma boa aliança terapêutica com o profissional responsável e de uma rede de apoio na família. Os mais próximos da pessoa nessa condição precisam ter atenção aos sinais de sofrimento, oferecendo ajuda de forma acolhedora e não crítica. “Pacientes com transtornos alimentares já se julgam demais para receber mais julgamentos", finaliza a médica.

Escrito por
HAC

Equipe Hospital Águas Claras

Corpo Clínico
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HAC

Equipe Hospital Águas Claras

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